20101210

Personalidade... A quanto obrigas!

Personalidade é o conjunto de características psicológicas, de certa forma estáveis, que determinam a maneira como o indivíduo interage com o seu ambiente.
Tem início no nascimento. Assim, os primeiros anos de vida de uma pessoa são decisivos para a formação de sua futura personalidade. Neste período são delineadas as principais características psíquicas, a partir da relação da criança com os pais, pessoas próximas, objectos e meio ambiente. Por isso, estas relações devem suprir todas as necessidades físicas e psico-lógicas da criança. A não satisfação das mesmas pode causar sérios prejuízos à formação da personalidade. Além das necessidades de manutenção da vida, todos os indivíduos possuem necessidades de aprovação, independência, aprimoramento pessoal, segurança e auto-realização, onde serão desenvolvidos os valores existenciais, estéticos, intelectuais e morais.
A qualidade das relações entre pais e filhos exerce uma influência determinante na formação psicológica destes. A partir dos primeiros meses de vida, os pais e responsáveis pela criação e educação das crianças devem dedicar toda a atenção ao desenvolvimento de sua auto-estima. É imprescindível oferecer muito afceto e carinho, estimular, elogiar, motivar, para que as crianças construam sua personalidade com base em elevado amor próprio. Da mesma forma, os pequenos devem ter toda a liberdade para expressar emoções: alegria, afceto, tristeza, medo e raiva, as chamadas emoções autênticas. Se a criança for levada a reprimir as suas emoções, desenvolverá uma personalidade combalida, neurótica,  plena de tensão, ansiedade, angústia, depressão.
Assim, os adultos responsáveis pela formação dos futuros cidadãos devem evitar, a todo custo, dirigir-lhes palavras e tomar atitudes que possam desenvolver um baixo nível de auto-estima. Assim, não devem se valer de severidade, críticas exageradas, exigências exacerbadas. Inclusive olhares e gestos que possam produzir efeitos negativos. A mania da perfeição é outra característica que pode ser considerada doentia e resulta certamente em prejuízo à formação dos indivíduos. Por outro lado, são igualmente nocivas: a indiferença, a rejeição,  as desqualificações  (chacotas, gozações).
No entanto, os pais e responsáveis devem imprimir, clara e objectivamente, certos limites e regras fáceis e simples de serem cumpridas, desde a mais tenra idade.  Não se pode deixar uma criança agir de forma totalmente desregrada e livre, sem qualquer fronteira.  Outro aspecto é a coerência entre palavras e atitudes. Não é possível conciliar uma regra enunciada verbalmente com uma atitude oposta. Por exemplo,  afirmar o acerto de hábitos de higiene e, depois, deixar objectos pelo chão, não recolher roupas sujas, ou “varrer o pó para debaixo dos tapetes”...
 Em suma, para que o desenvolvimento das crianças ocorra de forma natural e saudável: é absolutamente necessário que elas se entreguem, em grande parte de seu tempo activo, às brincadeiras próprias de sua idade, individual ou colectivamente.  A livre expressão da alegria, própria das atividades lúdicas, é fundamental para a saudável formação da personalidade.
Desta forma, podemos compreender a importância de brincadeiras adequadas para cada faixa etária. Os brinquedos, até os seis meses de idade. devem ser relacionados ao tacto, ao sentir os objetos em suas formas e texturas. Além do contacto físico com as mãos, o contacto visual, o gustativo, o olfactivo, o auditivo, são de grande importância.  A partir desta primeira fase, é preciso oferecer às crianças brinquedos com certas características: cores vivas, formas interessantes, sons refinados, aromas adequados. Após o primeiro ano de vida, o que ganha importância são os carrinhos, os bonecos que se movem e também a música – sequência de sons harmônicos e melodiosos. Em seguida, vêm todos os objetos e acções que adestram a imaginação e despertam o senso de criatividade.
A criatividade é uma característica de imenso valor no contexto humano. Ela deve ser exercida  de forma livre, sem qualquer limitação. Na infância, desempenha um papel de extrema importância na formação da  personalidade. Assim, os pais  e os professores devem ter o máximo cuidado para não bloquear a capacidade das crianças neste contexto. Eles precisam fornecer os elementos e devem permitir às crianças que descubram por si mesmas os procedimentos para chegar ao objetivo final: a satisfação, a alegria, o desenvolvimento do lúdico. Não é admissível que os adultos mostrem ou determinem às crianças a maneira como devem fazer as coisas. Isto bloqueia a oportunidade que elas têm de exercitar a imaginação, a criatividade, a curiosidade, a enorme satisfação em descobrir, por si próprias, a melhor maneira de agir e brincar.
Outro factor  que influencia a formação da personalidade é a movimentação física da criança, principalmente através dos desportos praticados por prazer, não por competição. A movimentação física saudável, prazeirosa, melhora o estado geral do organismo, tanto físico quanto psicológico.  O desporto propicia à criança, além do saudável prazer e alegria, o descobrimento dos seus limites, suas reais capacidades. 


        Baseado no livro: "A Arte de Viver"